terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Já me mataram não sei quantas vezes", diz Fidel em entrevista inédita

"Comandante" falou também sobre narcotráfico no México e a crise econômica
Em imagem divulgada pela imprensa oficial cubana, Fidel Castro conversa o jornalista venezuelano Mario Silva

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"Já me mataram não sei quantas vezes", afirmou o líder cubano Fidel Castro numa gravação de áudio divulgada na sexta-feira (9) pela TV oficial venezuelana, em uma entrevista ao apresentador venezuelano Mario Silva, que viajou a Havana para realizá-la e calar os boatos sobre a deterioração do estado de saúde do ex-presidente de Cuba.

O áudio e as fotos da entrevista foram divulgados no programa "La Hojilla", da rede VTV. Fidel comentou boato da semana passada, que indicavam um derrame cerebral e até sua morte.

- Também já prepararam minha morte, mas todos os planos fracassaram, apesar de não haver nada mais fácil do que me liquidar.

Fidel Castro publicou um último artigo no dia 3 de julho, com algumas imagens divulgadas 20 dias depois. A partir daí, não houve nenhuma outra manifestação pública, o que alimentou as especulações.

Na entrevista, o apresentador e Fidel, que aparentemente gravam na casa do líder, em Havana, conversam sobre diversos assuntos, como o problema do narcotráfico no México, a crise econômica na Europa e a revolução cubana.

Nas fotos, Fidel Castro aparece de calças verdes e um abrigo esportivo branco. Em su Mario Silva garantiu o bom estado de saúde de Fidel.

- Não houve derrame nem nada, é um homem lúcido.

48 anos no poder

Depois de 48 anos no poder, Fidel, acometido de doença grave, passou o comando ao irmão Raúl, em 31 de julho de 2006, marcando o fim de uma era na história da ilha, de 11 milhões de habitantes.

Raúl impulsiona 300 medidas avalizadas em abril pelo VI Congresso do Partido Comunista (PCC), que incluem a abertura ao setor privado e ao capital externo, além dos cortes de um milhão de empregos e dos subsídios concedidos, desmontando o Estado paternalista de Fidel.

Consagrando as reformas, Fidel causou impacto há um ano com a frase "o modelo cubano já não funciona nem sequer para nós mesmos".

Homem das tribunas e dos discursos quilométricos, Fidel dedicou-se a escrever artigos na imprensa sobre os problemas mundiais - já somam 361 - a partir de seu retiro, na casa da zona oeste de Havana, onde vive com a mulher Dalia Soto del Valle.

Filho de um imigrante galego latifundiário com uma camponesa cubana, nasceu em Birán (sudeste), sendo o único sobrevivente dos protagonistas da Guerra Fria e uma das figuras mais polêmicas do século 20.

Governou sempre confrontado os Estados Unidos, sendo considerado por seus seguidores um revolucionário humanista e, pelos opositores, um ditador.

Inimigos em Miami e Washington apostavam que a revolução em Cuba desapareceria quando morresse. Mas sua doença levou a uma sucessão em vida que criou um cenário não previsto por ninguém.

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