sábado, 20 de junho de 2009

EDVALDO MAGALHÃES: Um homem chamado política.


AnônimoPor: Nelson Liano Jr.

Quem conhece e acompanha o trabalho do presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), sabe que ele respira política 24 horas por dia. Fazer uma simples entrevista com o parlamentar é uma luta. O celular de Edvaldo não pára de tocar com ligações de todos os lugares do Estado e do país. Ele atende todas, conversa, articula e dá conselhos. Uma greve no Juruá, um deputado que está saindo da linha, um vereador que está perdido, uma decisão do Governo do Estado, um empresário buscando caminhos, um prefeito querendo soluções ou um simples eleitor angustiado com um problema pessoal. O comunista dá atenção a todos sempre com a perspectiva do presente e do futuro. A sua recompensa é que provavelmente ninguém detém melhor conhecimento do mapa político do Acre. Talvez por saber que representa um partido forjado na clandestinidade dos “anos de chumbo”, Edvaldo valoriza tanto o diálogo aberto e democrático com todos os setores da sociedade.

Legalidade
No próximo ano o PCdoB comemora os seus 25 anos de legalidade. Para Edvaldo Magalhães, que conseguiu articular e unir o partido no Estado, a celebração deverá vir acompanhada de algumas reflexões. “Eu sou da geração da quase legalidade e posso dizer que trago na memória as grandes dificuldades. Mas, sobretudo, valorizo a importância da legalidade de um partido como o nosso que foi impedido de expor suas idéias e fazer o combate aberto sob a luz do dia. Houve um tempo que se dizia que os comunistas eram amantes das restrições, mas nós somos amantes da liberdade porque fomos a força política no Brasil que mais sofreu com as restrições da liberdade. Nós conhecemos a crueldade da ditadura. Por isso, somos amantes da liberdade e sabemos o peso daqueles que não a defendem. Portanto, se quebra um tabu da idéia de que os comunistas são absolutistas. Nós somos quem mais valoriza esse período democrático que estamos vivendo porque podemos nos relacionar com a comunidade e sermos respeitados. Foi nesse período que, inclusive, conseguimos ascender a postos significativos seja no Legislativo, no Executivo, nos espaços institucionais, nas organizações não-governamentais ou seja no debate aberto com a opinião pública. Nós vivemos um momento muito importante na história democrática do Brasil. Afinal, somos o país que mais avança na consolidação e aperfeiçoamento da sua democracia”, disse ele.

Qual a importância de um partido que conquistou seu lugar ao sol?
Ninguém tem dúvidas sobre a importância do PCdoB para a mais recente história acreana. O partido conseguiu se tornar uma espécie de escola de política. Orienta seus filiados desde a juventude através da UJS e participa de todas as decisões importantes que afetam a vida social e política dos acreanos. Edvaldo Magalhães fala com orgulho da estruturação que o PCdoB conseguiu no extremo ocidental da Amazônia. “Às vezes, se confunde o acerto de um programa avançado de uma ideologia conseqüente com o posicionamento político. Na política, é preciso saber interpretar o sentimento das pessoas para estabelecer uma tática correta. Portanto, tem que se dominar o jogo conservador e burguês daquele momento histórico e acertar na estratégia compreendendo bem os sentimentos das pessoas e as regras para atuar e fazer avançar o processo. O PCdoB, no Acre, soube compreender bem isso. Quando apostamos na construção de um pólo novo da política acreana, que ficou conhecido como Frente Popular do Acre, foi o grande acerto tático que o PCdoB teve no Estado. Quem primeiro falou da necessidade de se construir a FPA que aglutinasse as forças progressistas de esquerda num pólo para disputar o poder foi o PCdoB. Essa bandeira se tornou material e se concretizou na candidatura de Jorge Viana, em 90. Nós fizemos funcionar esse processo e participar dele com a lealdade política, compromisso histórico e também com a contribuição programática para se fazer parte desse processo de maneira maiúscula e não periférica. O PCdoB se tornou uma força política respeitável. Em cada momento de crise desse processo que vai completar 20 anos, participamos de forma avançada sabendo, inclusive, atualizar o sentimento popular. Isso fez com que o partido crescesse. No Acre, somos um grande partido.

E o PCdoB na oposição?
Nas rodas de conversas sobre política no Estado sempre se fala na hipótese de um dia o PCdoB se tornar oposição. Isso se deve ao próprio crescimento e representatividade que o partido conseguiu nos últimos 20 anos. Edvaldo Magalhães es-clarece o posicionamento atual da sua agremiação política. “A nossa relação com o PT é a mais amadurecida possível. Vivemos um momento que exige de todos nós muita responsabilidade política. Porque é justamente aquela situação em que a chamada mosca azul freqüenta as mentes e o pé de ouvido das lideranças políticas. Cada um começa a pensar no seu projetinho pessoal e pode ser tentado por forças políticas, relações de amizades pessoais, por grupos e blocos, a adotar uma postura que deixe de olhar o horizonte construído ao longo do tempo e passe a olhar o horizonte pessoal e carreirista. Nós estamos vacinados em relação a isso. Fomos vítimas muitas vezes do oportunismo e do carreirismo político internamente. Mas o nosso partido, no Acre, passou por grandes crises na década de 90 para poder se reposicionar politicamente. O nosso crescimento não nos leva a uma visão cega e restrita dos desafios e problemas que a FPA enfrenta nessa atual fase. Mas a nossa visão estabelece que o Acre continua precisando da unidade das forças de esquerda e progressistas comprometidas com o nosso desenvolvimento para podermos consolidar esse processo de mudança. Porque nós ainda não fizemos a mudança completa e precisamos completar a mudança que nós começamos”, salientou.

O papel dos comunistas nas eleições de 2010
As especulações em torno do nome da deputada Perpétua Almeida (PCdoB) para disputa do Senado são grandes. Também se fala muito que o deputado Edvaldo Magalhães seria o candidato natural a vice, numa chapa para o governo com o senador Tião Viana (PT-AC). No entanto, o parlamentar prefere adotar um discurso de cautela em relação às próximas eleições. “A FPA acumulou experiência política e administrativa fenomenal, mas também acumulou problemas. Aliás, o problema que nós temos a oposição queria ter e não tem. A nossa grande vantagem é ter um leque de lideranças que ao longo do tempo foram se consolidando para o nosso povo. Vou citar algumas, como o governador Binho Marques (PT), o senador Tião Viana, a senadora Marina Silva (PT-AC), o ex-governador Jorge Viana (PT), o prefeito Raimundo Angelim (PT), a deputada Perpetua Almeida, o deputado Moisés Diniz (PCdoB) e eu. Além de tanto outros parlamentares do PT como Henrique Afonso (PT-AC), o Fernando Melo (PT-AC) e o Nílson Mourão (PT-AC). São lideranças políticas desse leque de alianças que foram se firmando, não por atitude pon-tual, mas pela coerência política e posicionamento ao longo da história. Esse quadro é o nosso patrimônio, as nossas jóias, fruto do esforço coletivo que fomos construindo. Somos frutos da militância sindical, de organizações não-governamentais e de instituições comprometidas com o Acre e o país. Quando se tem um patrimônio como esse na hora de escalar o time aparecem os problemas. O técnico tem uma série de estrelas, mas que tem que colocar em campo apenas onze. A FPA vai escalar um time que só cabe dois candidatos ao Senado, um candidato a governador e um a vice na chamada chapa majoritária e, é claro, para deputados caberão todos. Nós do PCdoB não somos daqueles que têm a pretensão de dizer queremos estar aqui ou ali, cada eleição exige uma escalação que seja específica para o desafio daquela batalha. Agora, existe muita pressa em alguns setores em pré-definir o que vai acontecer em 2010. Eu nem sou daqueles otimistas exagerados que acha que eleição já está resolvida e nem dos pessimistas que acha que vai ser um Deus nos acuda. Só acho que a gente não pode ser precipitado. A eleição vai ser definida, principalmente, naquela fase de dezembro até março. Até lá a conjuntura vai estar mais clara para que a gente possa ter um posicionamento. O que posso afirmar é que o PCdoB tem quadros e nomes que poderão estar à disposição desse conjunto de forças da FPA para o debate, seja para senador ou a vice. “Nós temos nomes credenciados e isso é que nos anima e nos dá uma grande vantagem”, concluiu.




Fonte: A Gazeta


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