quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tarauacá: Poesia e Paixão



A guerra do medo me faz guardar
A sete chaves, segredos
A arte da poesia me faz acreditar
Sem querer, na heresia
Acho que me tornei pecador
E quem não é, por amor
A liberdade de expressão,
Endureceu, o meu coração
Falar o que a gente quer,
Nem sempre, nos dá razão

Sou cético, poético, eclético,
Politicamente incorreto
Sou personagem de mim.
Prefiro viver assim
Perigosamente apaixonado
Ainda não sei o que é o certo
O tempo é senhor,
É encruzilhada do amor
Armadilha da paixão,
Predador da razão.

Sou de Tarauacá
Um belo lugar
Pra viver e lutar
Compor e cantar
Sorrir, chorar, protestar
Correr, caminhar
Dançar, paquerar, namorar
Noivar, casar
Separar, divorciar
Pagar pensão
Fazer nada
Ou trabalhar

Sou de Tarauacá
Um belo lugar
Pra acordar cedo
Fazer o café
Comprar o pão
Sentir medo
Guardar segredo
Compor um enredo
De utopia ou razão
Ódio e paixão
Ciência ou oração

Tarauacá é um belo lugar
Pra se viver
Acompanhado, sozinho
Emprestar açúcar
Ou fechar a janela
Para o vizinho
Jogar bola
Ir à escola
Ou a feira
Ouvir rádio
Assistir televisão
Comprar mamão
Falar do grande abacaxi
E das mulheres bonitas
Que só tem aqui

Tarauacá é um belo lugar
Pra se viver
Pra ter raiva dos políticos
Que quando chegam
Ao poder
Esquecem do povão
E, só lembram dele
Na próxima eleição
Que vergonha,
A corrupção
O nosso dinheiro
Não chega todo
Em nossas mãos
Essa outra face
Enlameia nossa história
Suja nossa memória


Tarauacá o que comemorar?
Mais um ano se passa
Agora noventa e seis
Praça do bolo
Maquiagem de madame
Céu colorido
Luzes da ilusão
Ópio do povo
Que decepção
O meu sangue
Vermelho e nordestino
Irriga meu coração
Ainda menino
Veias que dilatam
Sonhos a hidratar
Meu desejo de mudar.

Raimundo Accioly


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